Hoje,
dia 3 de fevereiro, nasce uma NOVA RUBRICA: Por trás dos livros. Esta
pretende dinamizar o blogue “A Marca da Marta”, ou seja, mensalmente, trará
uma entrevista a uma pessoa que considero, por diversas razões, inspiradora.
No entanto, estas pessoas têm um ponto em comum: gostam de ler!
Assim,
“Por trás dos livros” faz todo o sentido começar com a Andreia Morais, autora
do blogue “As gavetas da minha casa encantada”. A Andreia, para além de ter um
blogue incrível, é uma verdadeira “amante” da escrita. Escreve tão bem que
parece que tudo surge de forma fluente, à primeira tentativa. Já para não falar
das fotografias fantásticas com que nos brinda todos os dias, captadas no
momento certo.
(Fotografia da autoria da Andreia Morais)
Assim
sendo e, sem mais demoras, vamos à entrevista:
1.
Para quem não te conhece da blogosfera, quem é a Andreia Morais? Como te
descreverias para uma plateia de desconhecidos?
Confesso que tenho sempre muita dificuldade a
responder a esta questão, porque fico a ponderar se determinada informação é
relevante para os outros. Mas, depois, penso naquilo que acredito ser parte da
minha essência. Portanto, se tivesse de me descrever para uma plateia de
desconhecidos, diria que o meu coração é de Gaia, mas também pertence ao Porto
- cidade e clube. Vivo dentro de um Moleskine viajante, com infinitos
pensamentos periclitantes, e tenho o sonho de percorrer Portugal de Norte a Sul
ao volante de uma Pão de Forma. Além disso, sou feita de livros e faço coleção
de dedais.
2.
Tendo em conta que acompanho o teu blogue, sei que adoras ler. Como surgiu essa
paixão? A partir de que idade começaste a “devorar” livros?
A minha paixão pela leitura surgiu tarde, como costumo dizer,
porque houve uma grande parte da minha vida em que acreditei que a escrita e a
leitura não se relacionavam. E, como sempre adorei escrever, os livros não eram
uma prioridade. No entanto, no 10º, a minha professora de português propôs-nos
contratos de leitura, nos quais teríamos de, mensalmente, apresentar uma
história à turma. A minha primeira escolha foi sem rede, porém, mudou
completamente a minha relação com a literatura. Na altura, escolhi «A Criança
Que Não Queria Falar», de Torey Hayden, e fiquei sem palavras. Retrata uma
realidade muito dura e angustiante, mas foi o impulso necessário para que eu
compreendesse que os livros abrem-nos inúmeras portas. A partir desse momento,
não só quis ler mais obras da autora, como também passei a querer aventurar-me
noutros nomes.
3.
O que te fascina numa obra? Há algum aspeto particular que possas
destacar?
Há um conjunto de aspetos que me fascinam: a proximidade e
pertinência do enredo, o mistério implícito e o carisma das personagens. Mesmo
que procure um livro para me distanciar da realidade, gosto de sentir que há
pontos de contacto; que há pontos que nos fazem acreditar que aquela situação
poderia acontecer. Por outro lado, também não deixa de ser interessante quando
a história tem elementos surreais, que quase nos fazem duvidar da sua
veracidade. Mas se o autor, através das suas palavras, nos fizer crer que é
possível, então, temos uma experiência arrebatadora. Além disso, adoro obras
que se colam à nossa pele, ao ponto de passarem anos - e tantas outras
histórias - e nós sermos capazes de nos recordar da sua mensagem.
4.
Qual o estilo de leitura que preferes? Romances, biografias, livros de ficção
científica ou outro?
Sinto que, de um modo geral, são os romances a conquistar maior
destaque nas minhas leituras. No entanto, também adoro policiais/thrillers e
quero muito aventurar-me em mais obras de poesia.
5.
Se pudesses eleger apenas uma, qual foi a melhor obra que leste até agora e
porquê?
É muito complicado selecionar apenas uma,
porque tenho vários nomes a encaixar nesta resposta - Saga «Millennium», «Como
é Linda a Puta da Vida», «O Pintassilgo», entre outros. Ainda assim, pelos seus
valores, pela sensibilidade, pelas aprendizagens e pelo seu caráter intemporal,
destaco «O Principezinho». Será sempre uma das histórias da minha vida.
6.
E já agora, alguma se destacou pelas piores razões ou ficou aquém das tuas
expetativas?
Sim, «A Amiga Genial», de Elena Ferrante. Era uma história que
queria ler, há imenso tempo. E, tendo em conta todas as opiniões fantásticas
que fui encontrando, acabei por ficar com grandes expectativas, que não foram
correspondidas. Consegui encontrar pontos muito interessantes, sobretudo, na
relação de amizade tão antagónica, mas estava à espera de ser arrebatada e não
foi o caso.
7.
Por curiosidade, qual a obra que estás a ler atualmente?
Atualmente, estou a terminar «A Morte do Papa», mas, quando esta
entrevista for publicada, conto estar a ler «Para Onde Vão os Guarda-Chuvas»
8.
Por teres uma escrita tão fluente e interessante, já pensaste em escrever um
livro? Se sim, podes “levantar um bocadinho o véu”? O que poderemos encontrar
por lá?
Em primeiro lugar, deixa-me agradecer-te por essas palavras tão
generosas. Sim, já pensei. Aliás, é um dos meus sonhos mais antigos, mas ainda
não tinha sentido que era o momento certo para me aventurar, porque, quando der
esse passo, quero perceber que tenho uma ideia sustentada, que me preenche
todas as medidas. Apesar disso, no ano passado, comecei a perceber que, se
calhar, já não estava assim tão longe e tenho estado a trabalhar num livro de
poesia.
9.
Por último, imagina que a pessoa que está a ler esta entrevista, não gosta de
ler. Acha os livros “uma grande seca” e não lhes encontra grandes vantagens.
Assim sendo, que conselho lhe darias para a fazer mudar de opinião?
Eu já estive desse lado. Não propriamente a achar que os livros
eram uma grande seca, porque nunca cheguei a esse ponto, mas porque as minhas
prioridades eram outras. E está tudo bem. É verdade que os livros são veículos
maravilhosos, uma vez que não só nos permitem estar informados, mas também por
nos estimularem a criatividade e validarem as nossas emoções. Contudo, a
leitura é demasiado preciosa para ser imposta e para ser um foco de frustração.
Acredito que todos temos o nosso ritmo e que essa descoberta acontecerá com
naturalidade. O único conselho que posso dar é para não desistirem, porque,
muitas vezes, sentimos que a leitura não é para nós porque não encontramos o nosso
género ou autores que nos cativem. Não fechem a porta em definitivo, acabarão
por ser surpreendidos.
Podem
acompanhar a Andreia através de algumas das suas redes sociais:
O que acharam desta nova rubrica?
Já conheciam a Andreia Morais?