A rubrica mais recente do blogue “A Marca
da Marta” está de volta! Desta vez, o convite foi dirigido à Inês Mota, autora
do blogue “Bobby Pins”. A Inês, para além de adorar
ler, escreve super bem, por isso, fazia todo o sentido entrevistá-la e
“trazê-la” para este cantinho. Assim sendo, vamos conhecê-la?
(Fotografia da autoria da Inês)
Para quem não te conhece do mundo
blogosférico, quem é a Inês? Como te descreverias em poucas palavras?
Tenho 26 anos, sou licenciada em Nutrição
mas trabalho em Marketing e sou a autora do Bobby Pins há 7 anos, um blog com o
propósito de ser um espaço virtual seguro e de bem-estar para os meus leitores
e onde partilho tudo o que me faz feliz.
Gosto muito do teu blogue e, por te seguir
já há algum tempo, sei que adoras ler. Como surgiu esse gosto? Desde sempre que
gostas de literatura?
Gosto de histórias desde que me conheço
como gente. Ainda não sabia ler e não dispensava o momento das histórias de
embalar com a minha mãe. Acho que isso ajuda muito a criar o gosto pela
leitura. Além disso, os meus pais leem muito e cresci a vê-los a ler. Isso
acaba por ter uma influência muito forte e creio que resultou comigo.
Que género de obra é que gostas mais de
ler? E a que menos gostas?
Não sou esquisita, gosto da flexibilidade
de mergulhar em qualquer género e descobrir coisas novas! Mas os dois géneros
que mais costumo deixar para trás são a fantasia (que não me atrai muito) e os
chamados ‘Clássicos’ (uma relação tremida que tenho de trabalhar).
Preferes ler obras de autores portugueses
ou estrangeiros? Porquê?
A minha resposta mais imediata seria dizer
que não tenho preferência (e, sinceramente, não tenho). Um dos meus autores
preferidos é português e não tenho qualquer preconceito com a literatura
portuguesa. Mas tenho consciência que acabo por ler mais autores estrangeiros.
Também acho que sou um reflexo da pouca aposta no mercado em 1) autores
portugueses (especialmente autores que lançam os seus primeiros livros) e 2)
divulgar literatura portuguesa que não sejam Clássicos ou que encaixem numa
elite literária que funciona numa media tradicional de egos
mas que não resulta na maior parte dos leitores (e não-leitores) portugueses.
Não descarto a minha responsabilidade enquanto leitora para ter a iniciativa de
procurar livros que ressoem comigo e sejam portugueses, mas acho que falta uma
mente mais aberta em Portugal para se falar de literatura nacional de
multi-géneros. De aproximar as massas à literatura nacional através da
diversificação de histórias e premissas.
Gostas mais de ler livros em português ou
em inglês e porquê?
Acabo por ler mais livros em inglês porque
leio muito no Kindle. 90% dos livros que leio é através do Kindle, que tem uma
oferta muito maior nos e-books em inglês. Mas não me faz diferença ler em
português ou inglês. Quando possível, tento ler na língua original do autor.
Qual o melhor livro que leste até ao
momento? Que aspeto é que te fascinou nele?
A Breve História de Quase Tudo, do Bill
Bryson. É um livro que engloba o universo da Ciência de uma forma próxima,
acessível e muito bem disposta! A comunicação de ciência continua a pautar-se
(muitas vezes, oportunisticamente) como um assunto pouco acessível às massas e,
não raras vezes, com muita massagem de egos, colocando grandes personalidades
da ciência em pedestais e sem esforço em dar uma nova leitura a certos
conceitos. O Bill Bryson faz isso com um livro muito divertido mas também muito
rico. Era o livro que eu gostava de ter lido quando estava na escola, cercada
de manuais de ciências e física e química. É um livro que acho que todos devem
ler, pelo menos, uma vez na vida.
Qual a obra que eras capaz de ler inúmeras
vezes sem nunca te cansares?
O Diário de Anne Frank. É o meu livro
preferido e já está gasto de tanto sublinhar e escrever nele (algo que não
gosto de fazer nos livros mas abro todas as exceções para este). Li a versão
definitiva e tenho um carinho absoluto por este livro. Raramente releio livros
mas encontro sempre algo novo para refletir quando volto a abrir este livro, em
diferentes fases da vida e estágios de maturidade.
Por fim, de que forma incentivavas uma
pessoa que não gosta de ler a desfrutar de uma bela obra? O que achas que a
levaria a mudar de ideias? Aconselharias alguma obra/escritor em específico
para começar a entrar no mundo literário?
Acho que está tudo bem se algumas pessoas
considerarem que a leitura não é para elas. Há milhares de atividades que
acabamos por conhecer e concluir que não são para nós e não há razão para nos
cobrarmos ou diminuirmos por isso. Mas, normalmente, quem não gosta de ler
ainda não conheceu o seu tipo de livro ideal. Como disse acima, ainda estamos
muito presos numa elite literária, onde ainda se discute o valor de um leitor,
onde ainda há leitores ostracizados pelos livros que leem e isso não é sedutor
para quem dá os primeiros passos na leitura. Portanto, aquilo que recomendo
será entrarem neste mundo de mente aberta e sem medos do que vão gostar. Que
falem com amigos leitores e que peçam para eles vos recomendarem livros com
base na vossa personalidade e não nos gostos dos amigos (uma análise
imparcial). Ou até que experimentem outros formatos, como os audiobooks (porque
não?). Vivam o processo gradualmente; não tenham pressa em ler um livro à mesma
velocidade de um leitor, não se cobrem se demoram meses a ler um livro, não
tenham medo de desistir de um livro porque afinal não é o que esperavam
(acontece tantas vezes...). E não tenham vergonha do que leem. Há milhões de
histórias à espera dos leitores certos. Desfrutem do processo, seja em que
ritmo, género, formato ou autor for. E se não for mesmo para vocês, está tudo
bem. Não são menos por não serem leitores.
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